Você já se sentiu “preso” a determinados pensamentos, sentimentos, lembranças ou mesmo sensações, as quais não gostaria de ter, mas a despeito de seus esforços, persistem em lhe atormentar? A pergunta é retórica, pois certamente todo o ser humano já percebeu este funcionamento em si, com maior ou menor grau de angústia envolvido. Os casos mais brandos são os que temos cotidianamente, onde nossa
mente insiste em ficar “cantando” uma música de fundo, como um som ambiente! Nos casos mais extremos, são emoções e pensamentos perturbadores, que por vezes incapacitam as pessoas de viverem suas vidas com liberdade e felicidade. Pensamentos relacionados ao passado, ou a ansiedades de futuro, que chegam a causar uma série de sintomas e sinais: ansiedade, depressão, dores, taquicardia… E quando estes, persistem por longo tempo, o que acontece é que todo o sistema físico e psicológico começa a colapsar, pensamentos e sentimentos são tomados por um estado constante de desequilíbrio e o pior: na maioria das vezes as pessoas não sabem o que fazer para mudar este estado.

 

Por isso o início deste texto fala em “prisão”! Somos seres complexos, bio, psico, sociais e espirituais. E todos estes aspectos se inter relacionam e influenciam.

 

Pensando agora especificamente no recorte orgânico, podemos conceituar em termos científicos, como o corpo-máquina que somos. De fato, nosso sistema físico é o que sustenta nossa vida neste planeta e que nos dá um grande trabalho para mantê-lo em suas necessidades básicas: alimentação, higiene, sono, exercícios. E neste nível, quando falamos em emoções, pensamentos e lembranças, o que primeiramente ressalta como o sustentáculo destas funções é o órgão cérebro. Como seus 100 bilhões de neurônios aproximadamente, com suas sinapses, neurotransmissores é uma intrincada central de conexões e redes de memória, de funções das mais simples, como as motoras às mais complexas como o raciocínio lógico. É inegável o papel deste órgão no movimento repetitivo que algumas lembranças, emoções e pensamentos têm em nosso interior. O cérebro na verdade é um “viciado” em padrões! Ele odora caminhos conhecidos e quanto mais percorre estes, que são as sinapses, conexões entre os neurônios, mais se torna hábil no trajeto e se fortalece
nele. E isso certamente têm grande valor nos aprendizados necessários a todo o ser humano, desde que nascemos. Como, por exemplo, quando aprendemos algum dia que algo em toda a porta, que denominamos maçaneta, independente do formato, possivelmente a abra. E esta forma de generalização é um dos motivos dos padrões estabelecidos pelo cérebro. Pois se assim não fosse, toda a vez que nos deparássemos com uma porta, ficaríamos sem saber como abri-la.

 

O problema acontece quando estes caminhos neurais, que agora chamarei de padrões, se tornam algo disfuncional em nossas vidas! Exatamente as emoções, pensamentos, lembranças que não queremos ter, mas que persistem, mesmo frente ao nosso sofrimento e esforços para repeli-los.

 

O que acontece aqui então? Será que somos fadados a sermos reféns de nossos cérebros, contra nossa vontade? Pela minha experiência clínica, onde atendendo pessoas o dia todo há muitos anos, sei que muitos se sentem assim. E por isso escrevo este texto, pois diariamente compartilho do sofrimento de muitas pessoas, na tentativa de mudança de seus

padrões internos.

 

Frente a estes padrões disfuncionais, podemos realizar explorações fantásticas simplesmente questionando: Se eu sou meu cérebro apenas, como posso me incomodar? E se percebo que sou refém de meu cérebro, por que isso me angustia? A lógica desta pergunta pode nos gerar uma excelente reflexão sobre nossa natureza essencial, sobre nossa autoconsciência. Pois se nosso cérebro é a origem dos pensamentos, emoções e lembranças, quem é que angústia frente aos padrões que ele nos apresenta? Ele mesmo? Somos nosso cérebro? Quem é esse “EU” que percebe os
padrões apresentados pelo cérebro e anseia por ver-se livre deles? Nesta linha a pergunta se resume em quem veio primeiro o cérebro ou nossa consciência? Há uma consciência observadora certamente, que quer o novo, quer se libertar dos padrões angustiantes, mas há um cérebro “viciado”, congelado em determinado funcionamento, que faz com que a existência as vezes se torne uma prisão.

 

Nestes casos, uso em meu consultório duas ferramentas que normalmente se mostram extremamente eficazes: EMDR e meditação. Uma eminentemente ocidental, científica e a outra de origem oriental e com raízes nas grandes tradições espirituais.


Com o EMDR, sigla em inglês que traduzida significa algo como reprocessamento e dessensibilização através do movimento ocular é uma abordagem psicológica, que tem como característica principal propiciar as pessoas a possibilidade de “descongelar” padrões cerebrais persistentes, fruto de traumas, de histórias de vida que deixaram suas marcas profundas nos comportamentos emocionais, cognitivos e físicos de alguém. Hoje é o que há de mais moderno e eficaz no tratamento deste tipo de padrão persistente e difícil de “mandar embora”!


Já a meditação, hoje é tida como uma excelente forma de tratamento de vários problemas físicos e psicológicos, desde depressão e episódios de pânico até pressão alta e fibromialgia. Neste formato a meditação é introduzida em diversos contextos de saúde, hospitais, grupos de apoio e consultórios particulares independente de suas origens espirituais. Ela nos propicia a possibilidade de entrarmos em contato com um aspecto nosso do qual não temos informação e nem treinamento para utilizarmos, aqui no acidente. Mas é uma ferramenta de valor inestimável
para lidarmos com os padrões que o cérebro nos apresenta. Com a meditação podemos desenvolver o “Eu observador”! Temos a possibilidade de aprendermos a observar o cérebro e seus padrões, pensamentos, emoções, lembranças, que na verdade são apenas conexões neurais que em determinado momento se estabeleceram, mas que como não temos nosso “EU observador” desenvolvido, nos sentimos reféns, presos e por vezes impossibilitados de lidarmos de maneira
eficiente com eles. 


Com o treino estabelecido através da meditação, aprendemos que somos na verdade o EU que observa os padrões cerebrais. Não precisamos nos confundir com eles, pois são apenas padrões! Podemos lidar com eles considerando o que são na verdade: apenas o cérebro fazendo seu trabalho, os orientais desenvolveram essa “tecnologia” durante milênios e hoje temos pleno acesso a este conhecimento e possibilidade de uso.


Então, com estas ferramentas, podemos deixar de sermos reféns de nossos cérebros e passarmos a orientar nossas vidas para o sentido de felicidade, liberdade e realização que queremos de fato ter!

 

PS* Este texto foi escrito com o intuito de lhe mostrar que SIM há alternativa e lhe convidar a trilhar o caminho que muitas pessoas têm seguido, com resultados bastante satisfatórios.

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